quinta-feira, 11 de março de 2010

EXCLUSIVO: LEIA A REPRESENTAÇÃO FEITA AO MPF CONTRA JOSÉ FOGAÇA

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Clique aqui para ler, na íntegra, em primeiríssima mão, o documento entregue agora há pouco ao Procurador-Chefe da Procuradoria-Geral da República – 4ª Região, em Porto Alegre. A peça solicita a adoção de providências visando a responsabilização do Sr. José Alberto Fogaça de Medeiros, Prefeito Municipal de Porto Alegre, pela prática de atos de improbidade administrativa, sem prejuízo de outras cominações legais cabíveis.

SAI DE BAIXO: CASA DE FOGAÇA COMEÇA A RUIR


Representação no Ministério Público Federal pede Ação de Improbidade Administrativa contra o prefeito de Porto Alegre

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Na tarde dessa quinta-feira, 11, a bancada de vereadores do PT na Câmara Municipal de Porto Alegre protocolará representação no Ministério Público Federal pedindo a responsabilização do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), por ato de improbidade administrativa.
Na peça, que será entregue ao Procurador-Chefe da Procuradoria-Geral da República – 4ª Região e à Procuradoria de Justiça do Ministério Público Estadual do RS, estão apontadas todas as falcatruas ocorridas no processo de contratação e de prestação de serviço do Instituto Sollus, desde 2007, bem como anexados todos os documentos comprobatórios das fraudes.
Se você leu o que publicamos aqui, em 24 de janeiro, já sabe que o Instituto Sollus – uma organização de alta picaretagem – manteve convênio, sem licitação, com a Secretaria Municipal de Saúde, entre 2007 e 2009. O resultado foi o desvio de mais de R$ 9,6 milhões, dinheiro que seria originalmente destinado ao Programa de Saúde da Família na capital gaúcha.
Já em 2007, Fogaça fora alertado por vários órgãos e entidades – entre eles, o próprio Ministério Público – sobre a inidoneidade do Sollus, mas não considerou as recomendações. Entre os documentos anexados à Representação, figura uma notificação enviada ao prefeito pelo MPE, assinada por ele próprio como “ciente” do aviso.
José Fogaça pretende abdicar de seu cargo ainda esse mês para candidatar-se a governador do Rio Grande do Sul. A julgar pelo nervosismo e pelo descontrole de seu líder na Câmara, o ainda prefeito está mesmo em maus lençóis. Se for denunciado à Justiça e condenado – e tudo indica que assim será –, Fogaça poderá ter sua candidatura impugnada e seus direitos políticos suspensos por alguns anos.

terça-feira, 9 de março de 2010

REPÓRTERES NO PELOURINHO

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Por Leandro Fortes, do Brasília, eu vi
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A direção da Folha de S.Paulo, simplesmente, autorizou a um elemento estranho à redação (mas não aos diretores), o sociólogo Demétrio Magnoli, a chamar de “delinquentes” dois repórteres do jornal, autores de matéria sobre a singular visão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) da miscigenação racial no Brasil. Vocês, não sei, mas eu nunca vi isso na minha vida, nesses 24 anos de profissão. Nunca. Por tabela, também o colunista Elio Gaspari, que desceu a lenha no malfadado discurso racista de Demóstenes Torres, acabou no balaio da delinquencia jornalística montado por Magnoli.

Das duas uma: ou a Folha dá direito de resposta aos repórteres insultados (Laura Capiglione e Lucas Ferraz), como, imagino, deve prever o seu completíssimo manual de redação, ou encerra as atividades. Isso porque Magnoli, embora frequente os saraus do Instituto Milleniun, não entende absolutamente nada de jornalismo e confundiu reportagem com opinião. A matéria de Laura e Lucas nada tem de ideológica, nem muito menos é resultado de “jornalismo engajado” (contra o DEM, na Folha??). A impressão que se tem é que houve falha nos filtros internos da redação e deixaram passar, por descuido ou negligência, uma matéria cujas conseqüências aí estão: o senador Torres, sujeito oculto da farsa do grampo montada em consórcio entre a Veja e o STF, virou, também, o símbolo de um revisionismo histórico grotesco, no qual se estabelece como consensual o estupro de mulheres negras nas senz alas da Colônia e do Império do Brasil.

A reação interna à repercussão de uma matéria elaborada por dois repórteres da sucursal de Brasília, terceirizada por Demétrio Magnoli, é emblemática (e covarde), mas não diz respeito somente à Folha de S.Paulo. O artigo “Jornalismo delinquente”, publicado na edição de hoje (9 de março de 2010), na página de opinião do jornal, nada tem a ver com políticas de pluralidade de opiniões, mas com intimidação pura e simples voltada para o enquadramento de repórteres e editores, e não só da Folha, para os tempos de guerra que se aproximam. A recusa de Aécio Neves em ser vice de José Serra deverá jogar o DEM, outra vez, no vácuo dos tucanos, a reviver a dobradinha iniciada entre Fernando Henrique Cardoso e o PFL, de triste lembrança. O imenso mal estar causado pela fala de Demóstenes Torres na tribuna d o Senado Federal, resultado do trabalho rotineiro de dois repórteres, acabou interpretado como inaceitável fogo amigo. Capaz, inclusive, agora, de a dupla de jornalistas correr perigo de empregabilidade, para usar um termo caro à equipe econômica tucana dos tempos de FHC.

Demétrio Magnoli, impunemente, chama a reportagem da Folha de S.Paulo de “panfleto disfarçado de reportagem”, afirmação que jamais faria, e muito menos a publicaria, sem autorização da direção do jornal, precedida de uma avaliação editorial e política bastante criteriosa. O fato de se ter permitido a Magnoli, um dos arautos da tese conceitualmente criminosa de que não há racismo no Brasil, insultar dois repórteres e o principal colunista da Folha, em espaço próprio dentro de uma edição do jornal, deixa a todos – jornalistas e leitores – perplexos com os rumos finais da velha mídia e de seu inexorável suicídio editorial em nome de uma vingança ideológica, ora baseada em doutrina, ora em puro estado de ódio racial e de classe.